Com área plantada em queda nos últimos anos, o milho gaúcho tem, para a safra 2018/2019, boas perspectivas pelo menos na produtividade. Ainda na parte inicial da temporada, com 86% do terreno já plantado, segundo a Emater-RS, as condições climáticas tem sido favoráveis para o desenvolvimento das plantas, com temperaturas altas durante o dia e amenas durante a noite. Em relação à safra passada, a projeção da Emater-RS é de aumento de 4,5% na área plantada e de 6,2% em produção, chegando a 5,02 milhões de toneladas.
“Sempre tem uma ou outra questão mais pontual, mas, em termos gerais, as condições climáticas têm sido favoráveis. Esperamos que isso continue até o fim do ciclo para que as produtividades se consolidem”, comenta o assistente técnico estadual da Emater-RS, Alencar Paulo Rugeri. A estimativa da entidade para a produtividade média da cultura nesta temporada é de 6.807 kg/ha, aumento de 5,27% em relação ao ano passado. A área deve chegar a 738 mil hectares (a Companhia Nacional de Abastecimento estima o cultivo entre 714 mil e 757 mil hectares), ante 706 mil hectares cultivados em 2017/18, que geraram 4,565 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, a dinâmica do plantio acontece do Oeste em direção ao Leste. Em regiões como Fronteira, Missões e o Alto Uruguai, o plantio já está encerrado, com os pés em fases mais avançadas de seu desenvolvimento. O terreno ainda não plantado está em áreas como os Campos de Cima da Serra. Grande parte do Estado, segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS), Paulo Pires, ainda se encontra em fase decisiva para a cultura, com um risco elevado. “Quinze dias sem chuva pode comprometer o potencial produtivo”, comenta Pires. O dirigente ainda credita ao campo econômico, em específico na comparação da rentabilidade em relação com a soja, a redução na área plantada nos últimos anos.
O terreno do milho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), abriu a década relativamente estabilizado em torno de 1,1 milhão de hectares plantados, patamar que já vinha abaixo dos 1,4 milhão de hectares cultivados em 2003, por exemplo. A nova trajetória de queda se iniciou, de maneira gradual, a partir de 2013, até chegar ao seu pior resultado na safra passada, e causa problemas inclusive na sojicultura. “Estamos tendo muito problema de replantio de soja, causado pela falta de rotação de culturas. Para o plantio do milho, devem ser analisados outros fatores, não só o econômico”, argumenta Pires. A situação pode começar a mudar se as previsões para essa temporada se confirmarem, segundo Hamilton Jardim, da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
“Se tivermos uma safra boa, podemos ter uma reversão dessa monocultura da soja em detrimento do milho”, aposta Jardim, que, entretanto, afirma ser ainda muito cedo para determinar o sucesso da safra. Caso consiga “estancar a sangria”, a safra viria como um alento, acrescenta Rugeri. “Conseguir aumentar essa área e atender à demanda seria a redenção do Estado”, afirma o engenheiro agrônomo. A afirmação leva em conta o fato de ser o milho essencial para as cadeias produtivas de aves e suínos.
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