Mercado de frango sofre novo revés com veto da Arábia Saudita a frigoríficos brasileiros
Depois de passar por muitos problemas no ano passado, o mercado de carne de frango sofreu outro revés em janeiro. A Arábia Saudita desabilitou frigoríficos brasileiros que exportam para o país.
O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e a Arábia é o maior comprador: 14% de tudo o que o país vende vai para lá, em torno de 550 mil toneladas. Só no ano passado, foram mais de US$ 800 milhões.
Em todo o país, 30 frigoríficos exportavam carne de frango para o mercado saudita. Nesta semana, cinco foram desabilitados. Esse grupo responde por 37% das exportações para o país árabe.
Desde outubro do ano passado existe um mal-estar entre o Brasil e o mundo árabe. Na época, o então candidato à presidência Jair Bolsonaro, anunciou a intenção de mudar a embaixada do país em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que desagrada os muçulmanos. Mas até agora ninguém confirmou se esse foi o motivo para o descredenciamento dos frigoríficos.
Uma missão saudita esteve no Brasil em outubro e visitou frigoríficos, aviários e fábricas de ração. Os estabelecimentos que foram desabilitados terão 30 dias para apresentar um plano de ação com as adaptações sugeridas e, assim, tentar um novo credenciamento para exportação junto ao governo saudita.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, não acredita em retaliação comercial. Para ele, a intenção dos árabes é reduzir o volume de importações e barreiras protecionistas podem estar por trás da suspensão.
“Nós imaginamos que é um tema de proteção do mercado local. Parece incrível, mas eles estão investindo fortemente na construção de aviários e querem ter uma mínima segurança de fornecimento alimentar dessa proteína porque não consomem carne suína”, diz.
Turra disse ainda que não foram identificados problemas sanitários nos frigoríficos descredenciados.