Um arrojado projeto nesse sentido foi mostrado nessa terça-feira à várias lideranças de entidades ligadas ao agronegócio, produtores, técnicos e outros convidados especiais. O evento aconteceu na sede do Fundepec-Goiás em Goiânia no setor Leste Universitário e deverá dar um novo perfil ao Fundo, que busca agora desenvolver esse trabalho em parceria com a Embrapa Gado de Corte – Campo Grande – MS e com o Instituto Fórum do Futuro, cuja sede é em Brasília.
Como suporte jurídico, foi assinado um contrato de cooperação técnica e financeira entre as três partes envolvidas no projeto, cuja duração pode ser estendida por vários anos, dependendo dos resultados práticos. O Fundo fará um aporte financeiro para pesquisas que serão desenvolvidas pela Embrapa e o Fórum do Futuro, – entre outras obrigações, – se responsabilizará pela contratação de base de dados, informações e conhecimentos especializados em mercado pecuário e agronegócio que não sejam de seu domínio.
Alysson Paolinelli: “As possibilidades do Brasil são imensuráveis.”
O Instituto Fórum do Futuro é um grupo de reflexão independente, voltado para o debate de questões estruturantes da sociedade brasileira, a partir de perspectiva do desenvolvimento sustentável. Promove debates, realiza estudos, diagnósticos e antecipa cenários com foco na construção programática, que destaca e valoriza a plataforma da Ciência, da Pesquisa, da Tecnologia e da Inovação. A área central de interesses é a cadeia de valor do alimento e a Bioenergia. A entidade é presidida pelo ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, responsável pela implantação da Embrapa no Brasil no começo da década de 70, a qual desenvolve pesquisas em vários níveis e seguimentos. Uma delas foi o trabalho provando que o cerrado era uma grande fronteira para o desenvolvimento de lavouras e pastagens. Até então, essas terras não tinham qualquer valor. Hoje é área top para diversas culturas.
Falas
Vários convidados falaram durante o evento e mostraram dados interessantes que vão colaborar para o desenvolvimento da iniciativa do Fundepec-Goiás. O ex-ministro Alysson Paolinelli disse que todos os trabalhos em prol do desenvolvimento da agricultura e da pecuária em qualquer País, é bem-vindo porque nenhuma democracia resiste sem esses dois seguimentos bem organizados. No caso do Brasil, temos um agronegócio muito forte mas é preciso que as pessoas tomem conhecimento de sua importância e que os produtores rurais, sejam igualmente valorizados e motivados a se unirem cada vez mais.
Segundo Paolinelli, a agricultura e a pecuária brasileiras se desenvolveram de tal forma que o alimento que custava R$ 100,00 na década de 80, no ano 2000 passou a custar R$ 30,00. Se o brasileiro passou a comer melhor, a comprar bens móveis e imóveis, foi graças ao trabalho do produtor rural que deu um novo status para a economia brasileira.
Para se ter uma ideia da grandeza do Brasil, enquanto os Estados Unidos somam 76 bilhões em exportações, o Brasil soma 100 bilhões. Portanto, é o primeiro do mundo no volume de exportações de alimentos, ao contrário do que diz a opinião internacional. Para Paolinelli, nossas perspectivas são enormes e é agora que estamos realmente começando a praticar uma agricultura tropical com muita tecnologia, somada ao clima favorável e abundância de água doce pois detemos de 12 a 14% de todo o volume do planeta. Paolinelli disse que quando era ministro da agricultura, o País bateu recorde de produção de grãos com 33 milhões de toneladas. Hoje estamos acima de 230 milhões de toneladas. Para ele ainda é pouco, tomando-se por base o que podemos produzir.
Sem governo
Paolinelli disse que nossa agricultura e pecuária ainda estão de certa forma atreladas ao Tesouro Nacional no que se refere a incentivos. É preciso começar a pensar em não depender de governo, mesmo porque, o País está quebrado e os créditos certamente serão reduzidos em breve. Precisaremos de alternativas como créditos em instituições privadas e parcerias – disse. As Nações consomem a cada ano, mais grãos e carnes. A China precisa de 250 milhões de toneladas de soja e só produz 220. Estudos da FAO, – órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, – indicam que a demanda no mundo só de soja em 2050 será de 385 milhões de toneladas e o Brasil pode pegar uma grande fatia desse mercado.
Em relação a carne, as perspectivas também são as melhoras. Mas é preciso buscar qualidade pois os mercados hoje querem excelência. Para ele, Goiás está no caminho certo buscando esse novo perfil para a nossa pecuária de corte, em especial o Fudepec em relação a seus pecuaristas colaboradores.
Embrapa
Representando a Embrapa Gado de Corte, falou o administrador de empresas Guilherme Cunha Malafaia, que terá papel relevante no trabalho de parceria com o Fundepec-Goiás. Segundo ele, para o aumento do desfrute do rebanho (hoje em média 20%) é preciso buscar qualidade e produtividade e estarmos de olho nos consumidores no que se refere a tendências. Como exemplos, citou o fator repulsão. Porque o consumidor pode ter esse sentido? É quando o produto não apresenta qualidade. E a atração? É justamente o contrário. Então porque não buscarmos somente a qualidade e a excelência?
Para Guilherme Cunha, Goiás tem tudo para atingir a excelência em produção de carne bovina porque tem genética, clima, estrutura e com essa parceria, o projeto tende a decolar pois o Fundepec-Goiás é uma Instituição independente, sem ingerência política do Estado.
Outro que falou aos presentes foi Pedro Abel Vieira, da Embrapa sede, do DF. Para ele, a reputação é mais importante que qualquer sistema de comunicação, no sentido de colocar no mercado, algum produto. É que País que tem uma boa reputação em se tratando da produção de alimentos, dificilmente é prejudicado por comentários negativos. Um País de péssima reputação, mesmo que tenta colocar no mercado produto de qualidade, dificilmente terá sucesso. Nesse sentido, devemos cuidar sempre de nossa reputação.
Para Pedro Abel, o tratamento com nossos clientes dentro e fora do País deve ter o mais alto nível, mesmo que eles tenham cometido deslizes como por exemplo os europeus que não cuidaram de seu meio-ambiente e têm recebido críticas ácidas. Segundo Pedro Abel, uma discussão com dados e diplomacia é o caminho.
Fundepec
Segundo o diretor executivo do Fundepec-Goiás, médico veterinário Uacir Bernardes, a ideia inicial em relação a pecuária de corte de Goiás, era um trabalho em busca do chamado selo de qualidade. Essa pretensão evoluiu para algo mais elaborado que culminou na busca de parcerias com entidades que realmente pudessem somar esforços em busca de uma pecuária de excelência. Daí a parceria com o Fórum do Futuro e a Embrapa Gado de Corte. Para Uacir, houve o primeiro passo. Agora é a busca de união e força junto às cadeias produtivas do Estado.
Por sua vez, o conselheiro representante do Sindileite, também médico veterinário Alfredo Luiz Correia, enalteceu o trabalho da entidade em busca desse novo projeto. Para ele, o Fundepec-Goiás está buscando um novo perfil de trabalho em prol do produtor rural. Para tanto, precisa também do apoio de todos os seguimentos envolvidos na cadeia alimentar, a partir da pecuária.
Finalmente outro conselheiro também expressou sua opinião. Joaquim Guilherme Barbosa de Souza, representante da OCB – Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras.
Para ele, o produtor rural tem que ser valorizado e chamado a prestigiar iniciativas como esta. Isso porque ele será o grande beneficiado. Guilherme acredita muito na iniciativa privada. Salientou que essa crise instalada no país, é oriunda da falta de iniciativa de muitos seguimentos que deveriam chamar para si a responsabilidade e, paralelamente, cobrando mais de nossos governantes, evitando mazelas.
Foto e texto: Imprensa Fundepec-Goiás.